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17 junho 2012

CAMINHANDO








Caminhando
                Nesta ilustração procurei trabalhar bem o efeito de branco e preto, dando equilíbrio à imagem na questão cromática de porcentagens destas duas cores na tela. No lado esquerdo está presente uma linha cromática branca, feita pela ausência de elementos, a fim de conduzir com calma o olhar do observador por toda a tela, até a área mais confusa e poluída da direita. O lado esquerdo da imagem tem a função, também, de dar descanso ao olhar do observador.  Percebe-se então, que como no campo visual tendemos  primeiramente captar toda a imagem e iniciar a leitura da direita para a esquerda, de forma rápida, nosso olhar se depara com as escadas aglomeradas, uma enorme presença de linhas  brancas e pretas, para que dai, com calma, repousemos a visão na parte branca, que nos dirige o olhar por toda a tela para terminar na garota, iniciando o percurso visual da mulher de cima para baixo.  Podemos dizer que a linha de composição da imagem, a qual nosso olhar segue para lê-la, é em forma de caracol apesar dos elementos mais retos e muito pouco curvilíneos.
                As linhas da imagem também foram cuidadosamente pensadas, sendo trabalhada a espessura para ressaltar certa profundidade na composição, surgindo um atrito entre formas mais espessas, que são percebidas com maior facilidade, com menos espessas – não confundindo essa profundidade com a perspectiva realista de ponto de fuga-.
                As temáticas que são uma constante nos meus trabalhos é a questão do alegórico e do sonho, podendo dizer assim que tenho em certo grau uma influencia oriunda dos meus conhecimentos sobre o Expressionismo – tanto pela temática quanto pelos aspectos plásticos de muitas das minhas criações, salvo exceções-, quanto do Surrealismo e da Arte Metafísica, pelos cenários fantásticos e pouco racionais e o clima de precipitação, como se algo fosse ocorrer a qualquer momento.  Neste desenho em especial é inegável a recriação, em certo ponto, do trabalho de Escher com as escadas – ao qual é amplamente reinterpretado pelas artes visuais / gráficas e o cinema-. Nesta composição, no entanto, busquei formas arquitetônicas mais contemporâneas, de linhas retas e mais limpas. O ambiente não apresenta elementos externos fora da arquitetura, tais como objetos, moveis e demais personagens, sendo o isolamento absoluto.  A garota esta caminhando por este confuso sonho, como se estivesse a sair do cenário através da rachadura.  Esta rachadura, fragmento de parede, é um grande divisor na composição, pois é totalmente composto por uma área negra que atrita com o restante predominantemente branco.  A figura humana também é outro ponto de tensão, sendo que todo o cenário é composto por linhas retas e não orgânicas, e a mulher é o único elemento destoante.  Em suma, busquei na temática algo mais urbano, atual.
                A garota foi inspirada em uma modelo fotográfica que me causou muita apreensão, por ser uma pessoa de traços muito delicados e uma expressão quase que inocente. No entanto tais características físicas na modelo estavam causando uma forte tensão pelas várias tatuagens espalhadas pelo corpo da jovem, mais o seu vestuário bastante provocante.  Devo admitir que estes confrontos de informações se apresentaram esteticamente muito atrativos, ao ponto de querer capta-los para mim através do desenho.


Ilustração em A-3, nankin caneta de feltro sobre Canson. 

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